"Editorial"MUITOS PREFEREM A MORTE DO QUE ENCARAR SOLIDÃO NO VOTO
Pior do que na vida comum, solidão na política deixa marcas que, sem ninguém como testemunha, produz ferimentos fortes na alma. Já pensou uma autoridade acordar cedinho, com o povo gritando seu nome na porta, ainda no escuro, enfrentar o silêncio da vida? Ser reconhecida na noite de sexta-feira nos shoppings e, de repente, passar sem ser notada?
Muitos preferem a morte porque, no cemitério, se livram das facadas diárias, pedidos de passagem aérea e dos eleitores chatos. Se for mesmo um paraíso a vida depois da viagem, alguns já querem encomendar rede para descansar os ouvidos das reclamações nas orelhas. Lá em cima, vão aprovar ser melhor só do que mal acompanhado, longe dos mosquitos.
Os mais experientes alegam que tribuna foi feita para discutir assuntos de extremo interesse da comunidade. Na dúvida, o advogado Heth Cesar recomenda ser melhor ficar de bico fechado para não tumultuar o ambiente. “Eu mesmo só falo quando sou empurrado numa solenidade!” - esfregou as mãos o ex-prefeito Cícero Cavalcante, que lidera o voto no Norte.